Uma boa saúde é essencial para que os equinos campeões consigam alcançar o patamar de excelência em cada uma de suas conquistas. O estresse físico ocasionado pelo deslocamento, provas, alterações no ambiente e até mesmo contato com outros animais pode abalar a imunidade dos equinos atletas e deixá-los susceptíveis à agentes infectocontagiosos comuns ao meio equestre.
Apesar de não existir um protocolo com padronização nacional e internacional para as condutas de imunização e vermifugação de equinos, o senso comum aplicado ao protocolo vacinal visa a necessidade de proteção dos animais contra as principais doenças ocasionadas por vírus e bactérias, especialmente nos animais que participam de provas ou feiras.
Doenças do aparelho respiratório dos equinos são limitantes e tem efeitos em performance tanto quanto as afecções do sistema locomotor, por isso a vacinação contra a adenite equina (garrotilho) deve fazer parte das boas práticas de sanidade equina. A doença é uma bacteriose de alta morbidade que acomete animais de todas as idades e exige um isolamento de, ao menos, quatro semanas para total recuperação e extinguir chances de transmissão para os outros animais do plantel. A vacinação é essencial para evitar ou reduzir os prejuízos causados pela perda de desempenho, tratamentos e mão de obra, além de melhorar a saúde do rebanho a longo prazo.
A influenza equina é a principal afecção responsável por surtos respiratórios no mundo todo, especialmente entre animais jovens. A doença, causada pelo Vírus da Influenza Equina (EIV) é de notificação obrigatória, e é transmitida pelo contato direto com secreção de outros animais contaminados, apresentando um período curto de incubação, sinais clínicos que podem variar de leves à severos, com uma média de recuperação de até três semanas. A vacinação contra a doença é requisito obrigatório no passaporte de animais que participam de provas da FEI (Federação Equestre Internacional).
Já a Encefalomielite Viral Equina é uma zoonose de alta letalidade que acomete o sistema nervoso central e pode ser causada por três diferentes vírus: Vírus da Encefalite Venezuelana (VEEV), Vírus da Encefalite Equina do Leste (EEEV) e Vírus da Encefalite Equina do Oeste (WEEV). Sua ocorrência é maior nas épocas quentes do ano que tenham alta umidade do ar, sendo vetores biológicos, principalmente Culex sp e Aedes sp, os agentes responsáveis por sua disseminação. Com as condições climáticas de todo o território brasileiro sendo favorável para a disseminação da doença, a vacinação anual é a medida mais eficaz para seu controle e prevenção.
Outra zoonose importante, de ocorrência global, e com letalidade de 100% é a Raiva, doença causada por um Lyssavirus e que, apesar de ser pouco comum nos equinos, é uma doença de notificação compulsória imediata e faz parte do diagnóstico diferencial para outras doenças neurológicas agudas. A vacinação contra o vírus da raiva deve ser realizada desde a primeira infância do potro, com doses anuais de reforço.
Embora não seja transmissível, o tétano tem a sua importância por ser de ocorrência mundial e afetar diversas espécies, tendo os equinos os mais frequentemente acometidos. Causada pela neurotoxina produzida pelo Clostridium tetani, é uma doença infecciosa grave e altamente letal (<70%). A forma mais apropriada para a sua prevenção é a vacinação com toxóide tetânico, sendo importante também manter os cuidados ambientais evitando metais enferrujados em locais frequentados pelos animais e um manejo adequado de feridas perfuro-cortantes.
A sanidade animal engloba também infestações que apresentam pouco ou nenhuma manifestação clínica, como é o caso de infestações parasitárias, favorecidas pelo clima tropical nacional e a exposição dos equinos ao pasto, seja pelo ano inteiro ou por um período específico. As infestações parasitárias intestinais resultam em queda de performance, alterações na pelagem, hiporexia, retardo no crescimento, anemia e até mesmo episódios de cólica.
Para um combate eficiente contra os parasitas intestinais, a vermifugação periódica dos equinos com anti-helmínticos a base de ivermectina ou associação de ivermectina e praziquantel é indicada. Por não possuir restrições, ambos os tipos podem ser administrados em potros, garanhões, éguas e éguas prenhes, prevenindo as perdas causadas pelas verminoses e promovendo mais estabilidade em saúde e desempenho do equino.
Equinos atletas ou que participam de feiras devem ser vacinados seguindo as exigências da organização do evento, levando sempre em consideração os locais de origem e destino, seguindo as normas sanitárias vigentes.
A prevenção contra doenças infectocontagiosas e parasitas intestinais são ações periódicas que limitam a proliferação dos agentes causadores e protege os equinos. Um calendário sanitário de vacinação e vermifugação bem elaborado tem a função de proteger o plantel a longo prazo, respeitando sempre as necessidades de reforço específicas para cada vacina e vermífugo. Desta forma, é possível evitar perdas econômicas e preservar a saúde dos animais.
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