A anemia ferropriva é uma condição intrínseca dos leitões e uma das grandes vilãs da suinocultura mundial. Embora o colostro seja uma importante fonte de imunidade e nutrição para o leitão, ele não apresenta grandes índices de ferro capazes de suprir a necessidade da leitegada. Mais de 30% dos leitões já nascem com deficiência de ferro e as reservas naturais existentes ao nascer se esgotam no terceiro dia de vida, promovendo uma necessidade de suplementação exógena do mineral, procedimento adotado por 100% das granjas suínas do mundo.
Os índices adequados de ferro são importantes para o desenvolvimento do leitão em toda a sua vida produtiva, estando diretamente relacionado com a capacidade de oxigenação dos tecidos e de sua musculatura, através da mioglobina. Sem o aporte necessário de ferro, o crescimento muscular do animal é mais lento e seus índices produtivos prejudicados.
Estudos realizados em mais de 10 países na Europa demonstraram que mesmo com a suplementação de ferro no início de vida do leitão, apenas 30% dos animais apresentaram índices hematológicos normais. Neste mesmo grupo estudado, 10% dos leitões apresentavam anemia clínica, com características perceptíveis de palidez de mucosas, sinais de desidratação e cerdas eriçadas. Os 60% restantes não apresentavam sinais clínicos visíveis de anemia, mas tinham índices hematológicos abaixo do normal, caracterizando anemia subclínica.
No Brasil, o estudo foi replicado em 51 granjas, todas com diferentes protocolos de suplementação de ferro no início da vida dos leitões, e teve resultados semelhantes ao estudo europeu: 50% da leitegada brasileira apresentou índices hematológicos normais, 5% dos animais eram clinicamente anêmicos e 45% apresentavam anemia subclínica.
“Temos tendência a acreditar que a suplementação de ferro nos primeiros dias de vida do leitão já supri todas as necessidades do mineral ao longo de sua vida e não temos como rotina realizar outros acompanhamentos, a não ser que haja uma situação muito pontual a ser observada na granja. Estes estudos demonstraram que a maioria dos leitões são anêmicos de forma subclínica, o que impede e retarda o seu crescimento, afeta os índices de conversão, e impede a melhor produtividade geral da granja”, explica Juliana Calveyra, médica veterinária e gerente de serviços técnicos LATAM da Ceva Saúde Animal.
Diferente da anemia clínica, cujo diagnóstico é fácil de ser realizado à campo por meio da observação do animal como um todo, a anemia subclínica exige uma verificação mais profunda e acurada. “A anemia subclínica é mais comum nos animais mais bonitos da leitegada, os com crescimento e desenvolvimento mais rápido. São eles que precisam de um aporte adicional de ferro para continuarem evoluindo e se destacando positivamente”, elucida Juliana. “A grande dificuldade é que o diagnóstico é fechado com o auxílio laboratorial, então o sangue precisa ser coletado e o material enviado de forma apropriada ao laboratório para fornecer os dados hematológicos do leitão e a partir de então traçar uma estratégia de nova suplementação de ferro caso haja necessidade”, continua.
Ciente desta realidade de carência de dados em tempo real nas granjas, os meios de diagnóstico à campo tem ganhado destaque na suinocultura, possibilitando um constante monitoramento dos parâmetros hematológicos da leitegada e uma intervenção mais rápida em casos nos quais o aporte de ferro precisa ser reforçado.
“A Ceva está lançando mão de uma ferramenta de campo que auxilia no diagnóstico da anemia ferropriva pela leitura dos parâmetros hematológicos dos capilares superficiais do leitão. Através de um pequeno pique na orelha do animal, uma gota de sangue e alguns segundos é possível obter os níveis de hemoglobinamuito parecidos com os parâmetros obtidos em laboratório, possibilitando a identificação dos animais com anemia subclínica com maior precisão e agilidade, e a correção destes índices com maior rapidez”, detalha Juliana. “Desta forma o estresse da manipulação dos leitões também é menor do que a punção venosa para a coleta de sangue, o que colabora de maneira positiva para o bem-estar da leitegada”.
A suplementação de ferro nos primeiros 2-3 dias de vida do leitão promove maiores chances de que este animal não desenvolva quadro de anemia no decorrer de seu desenvolvimento, mas o monitoramento dos lotes em diferentes momentos de vida é essencial para verificar se há alguma necessidade de correção nos protocolos adotados pela granja e a necessidade de reforço dessa suplementação.
O combate à anemia ferropriva melhora o bem-estar dos leitões em todas as fases de vida, possibilitando que eles expressem todo o seu potencial genético, e impacta positivamente na granja, com uma maior produção de proteína suína de qualidade e, por consequência, maior lucratividade para o produtor.
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